Domingo. 11 horas da manhã. Acordo, resolvo fazer meus exercícios e, como todo bom domingo, pego meu skate para dar uma volta na praia, com o som estourando nos meu ouvidos e a adrenalina me passando aquela melhor sensação que nenhuma droga dá de graça.
Ao sair, esbarro nos jornais ao chão e cato o "O Globo" com a já conhecida notícia do Governador Sérgio Cabral avisando a classe média deverá aprender a conviver com o estresse de guerra.
Dei uma lida rápida na reportagem e fui pra rua. Logo ao dobrar a Lagoa Barra, vejo um exército de motocicletas de policiais se dirigindo para algum confronto.
Na praia, assisto a uma manifestação do Greenpeace, distribuindo um folheto repleto de falácias a favor do vegetarianismo. O tempo todo havia a presença de milhares de policiais, todos tensos como uma porca prenha !
Confesso que, com duas tattoos (uma agora imensa), skate, cara de alternativo e já tendo sido parado por um policial no meio da rua, não consegui me concentrar no meu lazer. Passei o caminho da orla inteiro paranóico, pensando: "Porra, se estamos no meio de uma guerra, o quão aconselhável é este passeio de manhã de domingo?"
Ao conversar com a Ana, ela me disse algo que não consegui contra-argumentar a princípio: "Mas estamos em guerra. Ele só falou o que todos já sabem. Fazer o que?".
É... fazer o que? Fiquei pensando se músicas de "iluminação", mensagens de paz e amor e movimentos a favor da inclusão social da quantidade de miseráveis nesta cidade não podem ser realizados sem uma ofensiva de guerra, brutal, sangrenta e perigosa para a cidade inteira. Não cheguei a conclusão nenhuma.
Acho o Rio de Janeiro uma cidade linda. Poucas cidades no mundo podem desfrutar de lugares como a Lagoa (de dia ou de noite), essas praias lindas, mulheres bonitas, uma vasta concentrações de florestas com belas trilhas, cachoeiras, os melhores e mais bem servidos botecos do mundo (mesmo não conhecendo outros, me arrisco a fazer essa afirmação), entre 1000 maravilhas que cada um aqui poderia enumerar.
O site de minha banda daqui há pouco ultrapassará a marca de 4.000 visitantes. Há cada dia mais pessoas conhecem o teor do site que acompanha nossas músicas. Digo isso porque tenho pensado em escrever um texto similar e deixar por lá, para que as pessoas de todo o mundo saibam como é ser um carioca, vivendo numa cúpula de vidro, no meio de uma disputa de feudos e poder.